... até do que não viveu.
Ela não sabe como isso se dá, apenas sente. Sente falta dos beijos que não teve, dos carinhos não recebidos, das tardes de pique-nique que não fizeram, dos loucos devaneios que não foram comentados na luz do luar. Sonha com o eu te amo que não disse e nem ouviu, sente falta deles, e isso dói.
É como se lhe apertassem o peito e tirassem-lhe o ar. Não sabe como proceder ao sentir pelo que não esteve em suas mãos. Não sabe se luta para que aconteça, ou se espera para ver se acontecerá.
O muro, aquele que ela mesma construiu, não caiu. Continua ali, talvez não tenha vivido estes momentos por culpa dele, que a cerca e a impede de ver completamente o mundo. A culpa é somente dela, que por anos, levada por um medo que não a pertencia, acrescentou tijolos nele.
Mas a saudade do que não viveu, por diversas vezes chega a entorpece-la, de tal modo que ela pensa em cometer insanidades daquelas bem insanas, fugir de si a ponto de não mais se encontrar, correr para longe até perder o folego, voar além dos céus, ser tão profunda que nem os que lhe cercam consigam enxerga-la, mudar de tal forma que ninguém a reconheça. Devaneios, loucos, tenros, não maiores que sua razão, que é tão sólida quanto ao muro.
A saudade do que não viveu, permanecerá até que venha vivenciar.
"Também temos saudade do que não existiu,
e dói bastante."
(Carlos Drummond de Andrade)
Trilha Sonora: From Where You Are - Lifehouse
3 comentários:
saudade é a coisa mais sem pé e sem cabeça desse mundo.
ééé, a tal da saudade.
é verdade, saudade do que não existiu é tão comum.
O que é incomum é a gente saber o que sente. =)
Lindo, como sempre.
beijo
=*
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